Varíola dos macacos não é transmitida pelos primatas

Apesar do nome, a varíola dos macacos não é transmitida pelos animais primatas, conforme alerta a Sociedade Brasileira de Primatologia. O aviso tem como objetivo conscientizar a população e evitar agressões, mortes, afugentamento ou maus tratos com os macacos, que também são vítimas da doença. O comunicado da Sociedade alerta que o receio de contágio por transmissão da varíola ou de outras doenças, como a febre amarela, pela proximidade com macacos não se justifica.

Foto: CDC / Brian W.J. Mahy

Outro alerta foi gerado pela Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo, estado que mais registra casos da doença. Segundo a nota, os macacos são hospedeiros acidentais do vírus, assim como os seres humanos. O alerta é importante para que a população tenha consciência de que os animais não são responsáveis pela existência do vírus e nem pela sua transmissão.

Crime ambiental

Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes de fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida é crime ambiental. Está no artigo 29 da lei 9.605/98. A transgressão à lei pode gerar pena de seis meses a um ano de detenção mais multa.

Importância dos macacos

Cometer crime contra os macacos não é apenas um ato repreensível e cruel. Os primatas têm papel fundamental na biodiversidade, na manutenção das florestas e no auxílio ao ecossistema.

No caso das doenças, inclusive a varíola dos macacos, esses animais são sentinelas, ou seja, servem de alerta. A ocorrência de macacos mortos é um indicador de que algo errado está acontecendo, possibilitando ações rápidas de prevenção e garantindo que a doença não se espalhe ou alastre.

Saiba mais sobre a varíola dos macacos

Conhecida internacionalmente como monkeypox, a doença, endêmica em regiões da África, já atingiu neste ano 20.637 pessoas em 77 países. No Brasil, já são mais de 900 casos registrados.

A monkeypox é causada por um poxvírus do subgrupo orthopoxvírus, assim como ocorre por outras doenças como a cowpox e a varíola humana, erradicada em 1980 com o auxílio da vacinação. O quadro endêmico no continente africano se deve a duas cepas distintas.

Uma delas, considerada mais perigosa por ter uma taxa de letalidade de até 10%, está presente na região da Bacia do Congo. A outra, com uma taxa de letalidade de 1% a 3%, encontra-se na África Ocidental e é a que deu origem ao surto atual.

Transmissão e sintomas

A varíola dos macacos foi descrita pela primeira vez em humanos em 1958. Na época, também se observava o acometimento de macacos, que morriam. Vem daí o nome da doença. No entanto, no ciclo de transmissão, eles são vítimas como os humanos. Na natureza, roedores silvestres representam o reservatório animal do vírus. Não há reservatórios descritos em locais fora da África.

Sem um reservatório animal, a transmissão no mundo vem ocorrendo de pessoa para pessoa. A infecção surge a partir das feridas, fluidos corporais e gotículas do doente. Isso pode ocorrer mediante contato próximo e prolongado sem proteção respiratória, contato com objetos contaminados ou contato com a pele, inclusive sexual.

O tempo de incubação do vírus varia de cinco a 21 dias. O sintoma mais característico é a formação de erupções e nódulos dolorosos na pele. Também podem ocorrer febre, calafrios, dores de cabeça, dores musculares e fraqueza.

Pelo protocolo da OMS, devem ser considerados suspeitos os casos em que o paciente tiver ao menos uma lesão na pele em qualquer parte de corpo e se enquadrar em um desses requisitos nos últimos 21 dias: histórico de viagem a país com casos confirmados, contato com viajantes que estiveram nesses país ou contato íntimo com desconhecidos.

Fonte: Agência Brasil

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