Geração eólica deve chegar a 29 GW e bater recorde no Brasil em 2023

O Brasil deve atingir marca recorde de 29 GW (gigawatts) de capacidade instalada de geração de energia eólica em 2023. A expectativa é da Associação Brasileira de Energia Eólica – Abeeólica, que prevê quase 45 GW de capacidade instalada até 2028.

Atualmente, com 25 GW de capacidade instalada, o Brasil ocupa a sexta posição em produção de energia eólica no mundo. São quase 900 parques eólicos em 12 estados, que beneficiam aproximadamente 108 milhões de habitantes, e produção de 20% da energia que o país precisa.

Apenas em 2022, foram instalados 4 GW e para este ano a expectativa é pelo menos repetir essa marca. Isso garantiria a chegada na marca de 29 GW ao final de 2023.

De toda a geração de energia eólica brasileira, cerca de 85% é produzida na região Nordeste. Outro levantamento importante é que a instalação de parques eólicos incentiva o desenvolvimento econômico e social. Nas cidades nordestinas que receberam usinas eólicas o produto interno bruto (PIB) cresceu 21% e o índice de desenvolvimento humano (IDH) cresceu 20%. A estimativa é que cada 1 real investido em energia eólica gera 2,9 reais para a economia.

O Brasil ocupa desde 2021 a sexta posição no ranking mundial em capacidade instalada de energia eólica. Segundo a presidente executiva da Abeeólica, Elbia Gannoum, agora fica mais desafiador para o país ultrapassar essa marca e se aproximar dos dois primeiros colocados, que são a China e os Estados Unidos. Ela considera difícil alcançar a China, por exemplo, que “cresce quase o Brasil por ano em investimento em energia”.

De 2011 a 2020, foram feitos investimentos no setor eólico de US$ 35,8 bilhões. Esses recursos movimentaram na economia brasileira em R$ 321 bilhões, dos quais R$ 110,5 bilhões foram investimentos diretos na construção de parques eólicos. Segundo a Abeeólica, para cada megawatt instalado, são criados 10,7 empregos. No período de 2011 a 2020, foram gerados quase 190 mil empregos no setor.

Dos 890 parques instalados no país, 130 projetos tiveram financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desde 2005, totalizando 18.654 MW. Os financiamentos concedidos pelo banco alcançaram R$ 52,170 bilhões, informou a instituição. Foram investidos pelas empresas no período R$ 94,4 bilhões.

Eólicas offshore

A presidente da Abeeólica diz que, em relação à instalação de parques eólicos offshore (no mar), está sendo preparada estrutura regulatória no Brasil que permita a realização de estudos e projetos. “Depois desse aparato regulatório, a gente vai ter leilão de cessão e, após isso, vamos começar a fazer, efetivamente, os projetos. Para este ano, pretendemos ter a regulação toda terminada para fazer os primeiros leilões de cessão do uso do mar. É parecido com o setor de petróleo, onde há leilões de áreas”, explicou.

Ela explica que, ao contrário de usinas eólicas onshore (em terra), que têm características de vento com destaque na Região Nordeste, nos parques offshore, a presença desse tipo de vento ocorre em todo o litoral brasileiro. O fator determinante é a infraestrutura, porque usinas offshore dependem muito de porto e indústria, principalmente. “São portos maiores que vão abrigar a fabricação das pás, das torres e das naceles eólicas”. As naceles são compartimentos instalados no alto das torres que abrigam todo o mecanismo do gerador.

Estudo divulgado em janeiro deste ano pela Abeeólica identificou o Complexo do Pecém, no Ceará; o Porto do Açu, no estado do Rio de Janeiro; e o Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, como os principais do país para infraestrutura dos parques offshore.

Como funciona a energia eólica?

A energia eólica é um tipo de energia renovável gerada através da força dos ventos, por isso considerada sustentável. A geração de energia elétrica ocorre a partir da conversão de energia cinética, por meio de um aerogerador ou turbina eólica. De modo resumido, o movimento provocado pelos ventos é que produz energia.

Uma unidade tradicional de geração eólica é constituída por uma torre, pelo rotor e pelas pás de movimentação. O vento aciona as pás que por sua vez acionam o rotor. Esse movimento do rotor então é multiplicado no interior da nacele, estrutura que abriga o aerogerador que então produz energia.

Essa eletricidade produzida é enviada pelos dutos localizados no interior da torre até os transformadores e depois sim direcionada para a rede.

Vantagens da energia eólica

Uma das principais vantagens da energia eólica é o fato de ela ser gerada de uma fonte renovável, que é o vento. Além disso, é uma energia considerada limpa por não emitir poluentes diretamente na atmosfera no seu processo de produção.

Os custos de instalação e manutenção de um parque eólico têm caído progressivamente nos últimos anos, o que faz com que a energia eólica se torne cada vez mais competitiva nos mercados internacionais e, futuramente, mais vantajosa economicamente frente a outras, como a energia hidrelétrica.

Outro ponto que pode ser elencado como uma vantagem da energia eólica é o fato de ela ser, cada vez mais, utilizada como uma fonte alternativa a energias mais poluentes, a exemplo daquelas derivadas de combustíveis fósseis, deixando a matriz energética mais “limpa” e sustentável. Em países como o Brasil, a energia eólica tem sido também acionada para a complementação do fornecimento de energia em casos de crise energética.

Para além de ser uma alternativa para a geração de energia em grande escala, a energia eólica pode ser gerada em escala residencial através de miniturbinas instaladas em propriedades particulares, o que ampliaria o acesso à eletricidade em áreas rurais ou isoladas.

Com informações da Agência Brasil.