Por que o baixo índice de chuvas afeta a produção e o preço da energia elétrica

Os baixos níveis das represas brasileiras nos últimos meses acenderam um alerta importante na população: o risco de racionamentos de energia ou apagão elétrico, fantasmas que assombraram o país pela última vez há 20 anos. No último mês de maio, o Sistema Nacional de Meteorologia emitiu um comunicado de emergência hídrica, deixando claro que a situação é crítica nos níveis das águas em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.

E o que é pior: essa condição deve se estender até o último trimestre de 2021, o que coloca em risco o abastecimento energético do Brasil. As previsões dão conta que seriam os piores cenários dos últimos 90 anos.

Mas, como a situação climática interfere na produção e no preço da energia elétrica aqui em território brasileiro? Embora quase todos nós conheçamos o processo de obtenção e o sistema de hidrelétricas, nosso intuito neste post é explicar de maneira didática qual a relação desses dois personagens. Confira.

Poucas chuvas

As perspectivas climáticas indicam que a maior parte da região central do país terá pouco volume de chuva nos meses de junho, julho, agosto e setembro, podendo se estender até outubro ou novembro. Os reservatórios de água dos subsistemas Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis pela geração da maior parte de energia elétrica do Brasil, têm situação preocupante.

Esses estão com níveis em torno de 30% da capacidade. Os da região Sul estão com 50%, da região Nordeste 60% e da região Norte acima de 80%.

A matriz energética brasileira

Mais de 60% da energia elétrica do Brasil vêm de usinas hidrelétricas, ou seja, dependem da força dos rios para sua produção. O percentual complementar é gerado por termelétricas ou fontes eólicas e solares. Se faltam chuvas, os níveis baixam e a produção acaba sendo diminuída obrigatoriamente.

Portanto, o bom funcionamento desse modelo está diretamente ligado ao volume de água das represas. Quanto mais abundante a água, melhor as usinas hidrelétricas funcionam e a necessidade de uso de outras fontes de energia diminui.

Aumento dos preços

Quando ocorre a diminuição da produção de energia hidrelétrica, o primeiro sintoma é o aumento do preço da tarifa. Isso ocorre porque, para dar conta do abastecimento, entram em cena as usinas termelétricas, modelos mais caros de produção de energia. Os custos desse acionamento são repassados ao consumidor nas contas de luz.

A principal percepção desse aumento é o Sistema de Bandeiras Tarifárias, em vigor desde 2015. Por meio dele, conforme os níveis de produção, são disparados os gatilhos de cobrança, nas categorias verde, amarela e vermelha. Confira como funcionam:

  • Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre nenhum acréscimo;
  • Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,010 para cada quilowatt-hora (kWh) consumidos;
  • Bandeira vermelha – Patamar 1: condições mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,030 para cada quilowatt-hora (kWh) consumido.
  • Bandeira vermelha – Patamar 2: condições ainda mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,050 para cada quilowatt-hora (kWh) consumido.

Risco de falta de energia

Depois do aumento das tarifas e do preço da energia elétrica, o principal risco para a população é a falta de eletricidade. Isso pode acontecer se a demanda por energia não diminuir e a produção, inversamente, não conseguir dar conta, mesmo que ativadas outras fontes alternativas.

Ou seja, nessa fase, não importa mais o preço. É uma questão de capacidade de produção.

Mesmo que a situação seja crítica, o Operador Nacional do Sistema (ONS) descarta que possa haver apagões, como os que ocorreram em 2001.

As principais usinas hidrelétricas do Brasil

Pela ordem de geração, as cinco maiores usinas hidrelétricas no Brasil são: Usina Hidrelétrica de Itaipu (Paraná), Usina Hidrelétrica de Belo Monte (Pará), Usina Hidrelétrica São Luiz do Tapajós (Pará) e Usina Hidrelétrica de Tucuruí (Pará) e Usina Hidrelétrica de Santo Antônio (Rondônia).

Como funcionam

Uma usina é composta por reservatório, canal, duto, turbina, gerador, casa de força e linhas de transmissão. A água é encaminhada aos tubos que levam até as turbinas onde, o movimento da água gera a energia mecânica em elétrica, levando-as às linhas de transmissão.

A usina de Itaipu

A usina hidrelétrica de Itaipu, localizada em Foz do Iguaçu, na divisa do Brasil com o Paraguai é a maior produtora de energia do país. Possui 20 unidades geradoras, capazes de produzir 14 gigawatt.

Inaugurada em 1974, é chamada de Itaipu Binacional, pois foi construída em uma parceria brasileira e paraguaia. Os dois países dividem a produção, mas o Brasil adquire do Paraguai um percentual da sua metade, a fim de atender à demanda brasileira.

A energia elétrica produzida em Itaipu atende a diversos estados, dentre eles, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais.

Energias alternativas

A busca por informação sobre energias alternativas vem crescendo no mundo inteiro nos últimos tempos e isso pode ter uma explicação: cada vez mais, as pessoas procuram fontes diferentes das convencionais, ou seja, que não utilizam combustíveis fósseis.

energias alternativas

Também conhecidas por fontes renováveis, as energias alternativas ainda não representam grande fatia da matriz energética mundial. Estima-se que apenas 14% desse espectro utilize fontes sustentáveis.

Acesse nosso post que explica quais tipos de energia alternativa existem e como elas funcionam!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *